sexta-feira, 15 de outubro de 2010


Aaahh! Essa vontade de amar.


Eu só preciso de alguém que me apoie...
Que veja que não há no mundo, alguém que se importe como eu..

Preciso de alguém que reconheça meus esforços, minha vontade de estar junto...
Minha vontade de mimar, minha vontade de abraçar...
Aaahh, a minha vontade de amar!
Minha vontade de completar, minha vontade de ter...
Aaahh, minha vontade de amar!
Minha vontarde de viver, minha vontade de morrer se precisar...
Aahh, minha vontade de amar!
Minha vontade de ter mais vontade, minha vontade de que vc tenha vontade...
Aaahh, minha vontade de vc me amar!


[By me]

domingo, 10 de outubro de 2010



Um momento...O meu momento!

Você precisa parar de tentar encontrar o final feliz e começar a ler os sinais. A felicidade pode estar do seu lado.

Chega, se não houve troca, chega, porque amar sozinho é solitário demais. Você está nessa vida para evoluir, e não para sofrer.

Quem tenta se fazer de forte, no fundo é aquele que mais sofre.


Quando a pessoa é importante, até mesmo uma falta de correspondência mínima é como a pior arma.

Estar no pior momento, faz parecer que você permanecerá nele pra sempre.

Pare de se humilhar. Carência não é nada atraente.

Não adianta nada ter a pessoa certa, se quem te faz feliz é justamente a pessoa errada.

Aprendi que a gente nunca deve se entregar por completo. A sua dignidade e o amor próprio são as únicas coisas que não se deve dar ao outro.

Quanto menos se espera, menos se decepciona. Quanto menos se espera, mais se surpreende!

Desapegue-se. Jogue fora tudo o que não serve mais, inclusive sentimentos que você ainda guarda, mas que já ficaram pra trás.

Quando eu mais precisei você estava lá, quando você precisou estive aqui , mas o tempo passou e toda a amizade se perdeu . Sinto sua falta.


quinta-feira, 16 de setembro de 2010





Doçurinha
Apesar de sua doçura ultrapassar sem nenhuma dó sua estatura, o doçurinha foi um grande amor.
Um dia, de madrugada, liguei pra ele. “Eu te amo porque existem poucas pessoas tão boas quantos você no mundo”. E ele respondeu: “não! Existem outras tantas, eu vou te mostrar!”. O doçurinha não só era a pessoa mais doce e boa do mundo, como ainda vivia se predispondo a me ensinar a viver.
Nos conhecemos numa festa. Numa roda de amigos. Ele, ao lado da mulher com a qual copulava quase que semanalmente, fixou os olhos esbugalhados em mim e começou a destilar sua doçura. As palavras saiam cheias de mel direcionadas a mim mas acertavam em cheio o pobre coração da moça bonita ao lado dele. Um clima sem graça se instaurava entre as pessoas. “É isso mesmo? Ele está cantando outra mulher na frente da mulher que trepa com ele?”. A roda esvaziou. Até eu sai da roda. Até a mulher ferida saiu da roda. Sobrou ele, sorrindo como se nada tivesse feito. Até porque, pobre rapaz tão distraído, puro e doce: ele nunca fazia nada! A maldade estava na mente dos outros. Ele apenas havia, como era de seu feitio, sido simpático, educado e fazedor de amigos. Sempre muito culto, sabido, opinado e doce. A moça provavelmente chorou, como eu, sem saber, faria tantas vezes num futuro não muito distante daquele dia. Mas isso era a loucura típica das moças e as histórias apressadas que elas inventam. O doçurinha, impune por sua inteligência quase tímida, continuava aquele moço, aquele chuchuzinho de ser, aquele que perdoamos ao dizer: “é uma figura!”.
Tempos depois, mais doce do que nunca, doçurinha mudou de país. Foi destilar seu mel e seu açúcar em outras bandas. Mas moço fofo que é, quis manter contato comigo. O que me fez sentir muito especial. Pois vejam, mesmo distante, ele passou a me escrever quase que diariamente. Sempre elogiando do desenho do meu dedão do pé até a última sinapse proferida de meus neurônios. “Nunca vi moça mais inteligente e bonita”. Eu estava há exatos sete meses sem olhar para o lado, fiel ao doçurinha que me dizia “e aí, quando você vier morar comigo” e tudo seguia bem. Ou quase.
O problema do doçurinha nunca foi sua generosidade, hombridade ou caráter. Quanto a todas essas coisas, tratava-se de exemplar masculino impecável. Seu único defeito era o celular. O aparelho muito velho e decadente, acho que um Iphone 4, nunca, jamais, em hipótese alguma, funcionava a noite. Doçurinha então me explicou que, o fato dele me ligar 56 vezes por dia e dizer coisas como “eu acho que você é a mulher da minha vida” e outras tantas como “quando tivermos nossos filhos” não significam que nós estávamos juntos depois das 8 da noite. Só durante a tarde, quando o peso de morar longe de sua família e dos amigos pesava. Entende? E ele disse isso, meio que chorando, meio que sofrendo, meio que pedindo perdão por me usar. Sempre tão sincero e honesto e angustiado. Sempre doce, como era doce o doçurinha. E eu, claro, compreendi. E ainda agradeci. E ainda me desculpei.
Tinha uma moça que ele apelidou carinhosamente de “simples”. Ela fazia bacalhoadas para ele. Uma moça que não era assim “perfeita como você” e que, ele dizia, “não cheira bem como você”, mas era o que dava pra ter lá longe, entende? Porque doçurinha, apesar de toda a sua evolução enquanto ser humano, tinha um pênis e tal. E precisava de moças e tal. Fora isso, moço com um coração antigo, doçurinha não sabia respirar sem um ombro feminino que se curvasse pra abrandar toda a sua angústia existencial. Então, mocinhas ao seu lado eram importantes para que ele não sucumbisse à dor da vida na Terra. Mas ele sofria, a voz sempre “diminutivando” as palavras ao final das frases. E seus e-mails, tão bonitos, que sempre terminavam com “e saiba que eu sofro com isso mais do que você”. E então, doçurinha podia sim ter uma namorada lá e me manter sonhando aqui com suas lindas frases, lindas músicas e lindos desejos. Por que não? E podia manter contato com mais umas três ex namoradas. Por que não? Quem rega as plantinhas sempre pode fugir para um imenso jardim encantado. E quanto mais plantas, mais sombra e ar puro. Ah, doçurinha, um homem romântico! E como era honesto em sua desonestidade!
Mas mesmo mantendo nós duas em sua doce vida, doçurinha foi visitar um amigo na Rússia. E, poxa, Tati, você não sabe, minha amada! Mas as moças aqui, poxa, são tão lindas e dadivosas. E assim, doçurinha desligou seu celular por quatro longos e tenebrosos dias. E eu, cagando nove vezes ao dia e vomitando outras duas, o perdoei ao final do seu turismo sexual. Afinal, poxa, ele nem tem trinta anos ainda. Tem que conhecer pessoas, fazer amor, amar. Tem que viver. Ah, doçurinha! Viva, meu amor! Não tem problema. Eu cagar e vomitar cinco vezes ao dia de tanto que dói é problema meu. Vamos focar na sua doce felicidade!
Para minha grande alegria, um belo dia, ele anunciou: “Estou indo para São Paulo SÓ por sua causa”. Eram dez dias na presença da alma mais doce de todas e EXCLUSIVAMENTE para mim. Ele traria o violão e os livros e tantas sabedorias e piadas. E faríamos amor o tempo todo. E ficaríamos finalmente juntos. Afinal, a bacalhau, as matrioskas e sabe-se lá mais o quê, eram apenas distrações para que, doçurinha, não sucumbisse ao enorme amor que sentia por mim. Combinamos que iríamos finalmente tentar e, se tudo desse certo, eu talvez iria pra longe com ele. E tudo seria lindo.
No primeiro dia, logo cedo, doçurinha pulou da cama e tomou um banho longo e muito perfumado. Cantou. Estaria ele feliz porque tivemos uma longa e apaixonada noite de sexo selvagem? Secou o cabelo com meu secador, de modo a deixar sua franja muito bonita. Exagerou no perfume. Tudo isso só poderia ser pra mim. Mas não era. Doçurinha ia almoçar com alguns amigos e voltaria a tempo de irmos ao cinema. “Umas quatro da tarde tô aqui”, ele disse. Mas, pobre e perdido rapaz, foi aparecer em minha casa às duas da manhã do dia seguinte. Pálido, choroso, descabelado. Eu, no terceiro Rivotril com água com açúcar, cinco quilos mais magra pela ânsia de vômito e assada de tanto cagar, fiz o quê? Ah, gente, mas era o doçurinha, certo? Perdoei. Ele, como bom moço romântico e doce e perdido e jovial e vitimado pelos mistérios do mundo e da carne, tinha tido mais uma de suas tantas e recorrentes recaídas pela moça paulistana que ele, sempre docemente, havia apelidado de “sonsa”. Uma ex namorada inesquecível. Ele dizia “é meio besta, é meio nada, é sonsa, é sem sal tadinha, não chega aos seus pés, mas…mas…ela fica quietinha daquele jeito burrinha e me enche de paz”. Ele era moço romântico, antigo, quase caipira. Quem não perdoa alguém que sofre tanto pela confusão da vida?
Portas não se fechavam para doçurinha, ainda que tantas abrissem. Pobre criança doce, ainda não havia aprendido que ser adulto é justamente suportar o peso das escolhas e perder amores para poder ter outros. Doçurinha, mel puro, queria tudo, tinha muito açúcar para dar e receber. E, poxa, ele conseguia fazer com que todo mundo não só entendesse como respeitasse isso. E ainda pedisse desculpa. Tem razão, doçurinha. Não é porque você ESTÁ HOSPEDADO EM MINHA CASA E DISSE QUE VEIO SÓ POR MINHA CAUSA que eu vou brigar porque você apareceu as duas da manhã e estava com sua ex namorada. Me desculpe por ter ficado triste e vamos dormir abraçados. Vem, docinho, eu cuido de você.
Alguns dias depois, doçurinha me convenceu de que deveríamos ir a uma “balada”. Eu tinha planejado cinemas, jantares românticos e muito sexo. Mas se doçurinha quer balada, vamos a uma! E fomos. E na festa, doçurinha estava que estava. Poxa, ele não via os amigos há tempos e tal. Ele tinha vindo a São Paulo por minha causa, mas… já que estava aqui. Então, deixa o doçurinha. Com os pés cansados (porque, diferente da sua ex “sonsa”, eu tinha três empregos e já eram cinco da manhã) me sentei e, de longe, fiquei admirando o encantamento social de doçurinha.
Mas ele não me viu. Se passaram dez minutos. Se passaram quarenta e cinco minutos. Doçurinha não dava falta por mim. De repente, uma voz dentro da minha cabeça gritou: “Tati, na boa gata, que porra você está fazendo aqui? Amanhã tu trabalha, mulher! Esse cara, porra, que que você tá fazendo com esse cara?”. E como um robô de coração triturado eu me levantei e simplesmente fui embora. Ainda deu tempo de xingar uma garota muito feia e nariguda que estava dando em cima dele. E doçurinha, entre sua mulher magoada e uma garota X, preferiu ser doce com a garota X. Porque, vocês já sabem: ele é o doçurinha. Sempre gentil com as novas amizades.
Nas madrugadas, doçurinha ficava no Messenger, nas tardes, doçurinha ficava na rua e voltava cheio de histórias a respeito de um tio gente finíssima que nunca existiu, nas manhãs, doçurinha dormia. Sua mala bagunçada, em compensação, tomava toda a minha sala e me fazia toda a companhia que ele nunca fez. Só a mala era presente. Mas doçurinha, como aquele gato do Shrek, enchia seus olhinhos de ternura e seus lábios de sofrimento. Confuso, angustiado, pobre doçurinha. Ele chorava, ele falava da mamãe, do papai, ele falava das mil opções de mundo e de apenas um corpinho pequeno para vivenciar tanta coisa. E tudo era perdoado. Até porque: “eu sofro mais do que você”, ele dizia. Pobre do doçura.
Uma vez doçurinha trouxe pra mim um doce típico de sua cidade. O licorzinho. Algo extremamente doce que implode na boca. E assim como seu doce típico, doçurinha começou a implodir em meu coração. Enjoar. Doçurinha e meu grande amor por ele começaram a morrer. Mas até hoje, vejam o poder desse homem, sinto vontade de ligar e pedir desculpas. Como pude, cansada de tanta doçura, ter começado a ser tão louca e escrota e infantil?
Mas esse texto é justamente para te pedir perdão, doçurinha. Por ter te expulsado de minha casa apenas porque você nunca esteve presente aqui, por ter ido embora de uma festa apenas porque eu estava sozinha há horas. Por ter enlouquecido em todas as vezes que você, com tanta doçura, só estava tentando me provar que eu poderia ficar louca se você fosse um imbecil. Me perdoe, eu deveria ter deixado, não é mesmo? As mocinhas doces deixam, não é mesmo? Eu deveria ter deixado você me culpar. Tadinho, queria tanto. Foi a única coisa que você, nesse tempo todo, me pediu. Que eu fosse culpada. Que eu tivesse admitido que enlouqueci antes de você me enlouquecer. E que você só fez o que fez, porque eu nunca consegui te fazer feliz, te dar paz. Coisas que você me deu o tempo todo, ininterruptamente.
Me perdoe, meu amor. Por eu não ter suportado tanta felicidade, cumplicidade, carinho, cuidado, amor e respeito. Você sempre foi e sempre será doce demais pra mim. Você disse que iria me ensinar a ver como tantas outras pessoas no mundo poderiam ser doces como você. E realmente me ensinou. Depois de você, tudo ficou adocicado demais, tudo tem mel escorrendo, açúcar pingando. Sem dúvida ficou um pouco mais nojento viver.

[Tati Bernardi]

sábado, 11 de setembro de 2010



Um dia nós percebemos que procurar, procurar, procurar, não vai dar em nada.
Percebemos que esperar ser achado por alguém que esteja procurando, procurando e procurando, também não vai dar certo. Esse alguém também vai cansar de procurar, e também vai esperar por alguém que esteja procurando, procurando e procurando, que também vai se cansar, e assim por diante.
E nós, que já desistimos fazemos o que? Já que também desistimos e estamos não esperando por alguém quem também não está mais esperando...
É bem confuso pensar assim, eu penso assim, mas um dia eu acho a solução, por que a solução eu ainda procuro, mas se a solução vier acompanhada de alguém que esteja me procurando...Muito Obrigada destino!


Por Bruna Antunes

sexta-feira, 3 de setembro de 2010


Inferno



Começou quando comi o terceiro sonho de valsa e eu nem estava com fome. Mais tarde, na segunda colherada de sopa, eu já queria vomitar, mas estava morta de fome. Conheço de longe, ou tão de perto, a tensão sexual: é a fome matadora que enjoa. É estar inflada demais pra se saciar, mas de um tamanho desproporcional para ficar saciada. Não faz sentido e é bem bobo de querer fazer. É vontade de mastigar algo, mas uma mão sai de dentro do estômago, passa pela boca e quer estapear o mundo. É desejo de porcaria e necessidade de vitamina. É preciso triturar, mas só passa líquido, quando passa. É a esquizofrenia da gana.
Dai decidi que agora não. Ah, agora não. Tudo de novo? Não. Então peguei meu celular, assim, meio ocupada, óculos e tal e mordendo o lábio inferior um pouco ressecado e, sem dó, deletei seu número de celular. Deletei as mensagens de texto também. E deletei seu nome e as fotos e a música e tudo.
E deletei você de tudo que me informa da sua vida e do lugar mais difícil de todos: do lixo do computador. Foi quando piorei. Vi seu carro parado na rua de trás e quebrei inteiro. Vi sua casa e ateei fogo. E vi você andando na rua e te atropelei. E nada adiantou. Porque você é antes de agora. Então voltei no mundo e deletei seu começo. E deletei o mundo. E deletei a explosão cósmica.
E nada adiantou, nada, porque desejo se forma em um lugar que é de onde somos também. Então eu teria que me deletar. E não adiantaria de agora, tipo: “não existo! Valendo!”. Teria que ser de antes. Mas complicou demais. E é por isso que escrevo isso da sua sala iluminada pelo sol mais feliz de todos que é o sol do dia seguinte quando ainda estamos no dia anterior. A vida que ultrapassa a gente só porque esses pequenos momentos de amor nos congelam dando uma falsa sensação de que pode ser bom pra sempre. Enquanto você dorme com uma camiseta cheirosa e é, posso dizer com certeza, a pessoa mais bonita que eu já vi numa cama desarrumada. Poucas coisas são tão claras como isso que percebo agora: você é tão bonito que eu tenho esse riso congelado mesmo quando está insuportável fazer xixi baixinho porque a droga do seu banheiro é colado com a cama sem ter uma mísera parede. Odeio as casas modernas e os casais modernos e o sexo moderno e ser moderna. Eu quero parar com essa vidinha e ter um amor pra vida. Mas e mas e mas e mas. Você é tão bonito que renova a mesmice do cinismo amoroso. Por você vale qualquer sombra na alma.
E é isso. Agora é suspirar feito besta, meus celulares e e-mails e o ar voltam a ser objetos de tortura, sempre a espera da próxima vez que você vai me pedir que morda o violão pra escutar a música dentro do cérebro. E você desafinando e meu cérebro consertando tudo dentro da minha imaginação. Não é amor porque amor é mais do que essa escravidão estética. Não é paixão porque eu só me apaixono por quem eu quero destruir e eu só quero limpar com uma palhinha de ouro seu corpo num pedestal. Não é só tesão, porque eu passaria o resto da minha existência fazendo carinho nos cachos do seu cabelo e você com 18 metros de altura parecendo um menino. Não é nada dessas coisas todas que a gente separa numa caixinha da mente pra continuar arrumando o resto das gavetas da vida. Então o quê? É isso, o xixi baixinho olhando a pessoa mais bonita que já vi numa cama desarrumada. É encantamento puro com um pouco de dor porque até a falta de dor tem muito de dor. E mais o sol e mais as formigas e mais a camiseta cheirosa e o xixi baixinho. É só o inferno.




[Tati Bernardi]

domingo, 29 de agosto de 2010

Encrenca


Conheço ele na casa de uma amiga. São ao todo oito homens solteiros, felizes e solícitos. Mas ele, estranho, reservado e tentando há horas estabelecer uma conversa com o gato da casa, me chama a atenção. Aquele alí é…? Xiii, Bruh , encrenca. Mesmo? Tem certeza? Absoluta. Encrenca das grandes. Não me dou por satisfeita. Preciso saber mais. Descubro que ele já saiu com a irmã de um grande amigo. Na segunda ligo pra ele. E sua irmã? Casou. Mesmo? Foi. Mas e o…? Xiiii, Bruh , encrenca. Mesmo? Nossa, bota encrenca nisso. Das grandes, amiga. Certeza? Posso confiar? Pode. Sei bem o que tô te falando. Mas se você estiver com dúvida, sabe a Ana? Então, a prima dela já saiu com ele. Jura? Juro. Na terça ligo pra Ana. E sua prima? Ah, menina, toda feliz, morando em Londres. Mas ela já saiu com o…., não saiu? Xiiiii, nossa, nem fala esse nome pra ela, nossa, EN-CREN-CA. Das bravas. Das grandes. Mesmo? Olha, tô pra ver encrenca maior. Mas se você tiver com alguma dúvida, o Beto, sabe o Beto? Foi chefe dele. Na quarta ligo pro Beto. E, aí, cara? Tudo certo? Certíssimo. Tô grávido do segundo moleque. Que beleza. Mas me fala, você já foi chefe do…? Menina, nem me lembra disso. Uma puta encrenca, viu. Olha, prefiro nem tocar nesse assunto. Mesmo? Sério. Mas olha, quem pode te falar melhor é o Dr. Ricardo. Tratou ele ano passado. Mesmo? Ele foi no Dr. Ricardo? Pra você ver o tamanho da encrenca. Na quinta ligo pro Dr. Ricardo. Sei como são essas coisas de discrição médica. Mas…e o…? Bruh , não vou te falar nada, é antiético, você entende, né? Mas como você é minha amiga, vou te falar só uma coisa: o cara é a maior encrenca da cidade. Talvez do país. Mesmo? Mesmo. Mas se você tiver com alguma dúvida, minha irmã mais velha, a Fabi, fez faculdade com ele. Na sexta ligo pra Fabi. E aí, gata? Menina, quanto tempo! Faz mesmo. E você? Algum paquera novo? Sim, tô noiva! Jura! Juro! Mas e o…ouvi dizer que vocês estudaram juntos já. Ah não! Esse assunto não! Pô, mó vibe. Bruh , olha, esse cara redefiniu pra mim o conceito de encrenca. Manja “A” encrenca. Então. Mas se você tiver alguma dúvida…não, não tenho mais dúvida nenhuma. Chega. Já ouvi tudo o que eu precisava. No sábado ligo pra ele, coração disparado, não é sempre que encontramos alguém tão bem recomendado.


[ Tati Bernardi ]


-Mudei só os nomes né, não vou deixar o nome da Tati, tá certo que ela é foda, mas o texto tá no meu blog poxa!....haha.

Medo


“ Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada.
Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade.
Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente,
de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca.
Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa.
Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo.
Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente.
Não suportar ser olhada com esmero e devoção. Nem os anjos, nem Deus agüentam uma reza por mais de duas horas.
Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve.
Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida.
Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança,
medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar.
Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer.
Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta.
Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta,
medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer,
talvez todos em um único homem, todos um pouco por dia. Medo do imprevisível que foi planejado.
Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue. Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo.
O corpo mais lado da fraqueza. Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado.
Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente.
Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam.
Medo de que ele inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ele com mais ninguém,
nem com seu passado. Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele.
Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas.
Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar,
que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz.
Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz.
Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas.
Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção.
Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. Medo de que ele não precise de você.
Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira.
Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de não respirar sem recuar.
Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo.
Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego.
Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade.
Medo de não soltar as pernas das pernas dele. Medo de soltar as pernas das pernas dele.
Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. Medo da vergonha que vem junto da sinceridade.
Medo da perfeição que não interessa. Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida.
Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. Medo de não mastigar a felicidade por respeito.
Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar.
Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou. Medo de faltar as aulas e mentir como foram.
Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar.
Medo de enlouquecer sozinha. Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha. Você tem medo de já estar apaixonada.”

(Fabrício Carpinejar)